Sanfoneiros se reúnem e fecham o ciclo comemorativo ao Centenário de Gonzagão
Foto: Emanoel Messias |
O 15º Encontro de Sanfoneiros do Recife tem início nesta sexta-feira (30), a partir das 6h com o café da manhã “danado de bom”, no Nosso Quintal, que fica no bairro dos Torrões, e promete reunir mais de 100 sanfoneiros para homenagear o Mestre Lua no ano em que completaria 100 anos. Além da musicalidade por meio de ritmos como xote, xaxado, baião e forró, o evento trará barracas de artesanatos locais e comidas típicas, exposição de sanfonas, mostra discográfica do Rei do Baião e também exibição de documentários.
Nesse mesmo dia 30 de novembro, às 18h, haverá o ato religioso com o padre Reginaldo Veloso e a cantora Irah Caldeira, seguido de uma salva de tiros com os bacamarteiros de Abreu e Lima. No decorrer do dia, a iniciativa ainda contará com a apresentação do grupo de xaxado Cabras de Lampião, de Serra Talhada. Preocupados em atender bem todo o público, os sanfoneiros reservarão vagas para idosos e pessoas que convivem com algum tipo de deficiência. Solicitação: Levar um quilo (1Kg) de alimento não perecível.
Mas a festa não para por aí. Com patrocínio da Petrobras, Copergás, Fundarpe e Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, e apoio da Prefeitura do Recife, o encontro, que acontece desde 1998, busca manter viva a memória de Luiz Gonzaga e o instrumento que o imortalizou, a sanfona. Para isso, o produtor do evento, Marcos Veloso, levará os sanfoneiros a um lugar que o Velho Lua nunca conseguiu cantar: o Teatro de Santa Isabel. “Gonzaga nunca tocou no Teatro de Santa Isabel porque naquela época não era permitido entrar atrações que tocassem algo relacionado à cultura popular. Então, iremos realizar esse desejo de Gonzaga para finalizar as comemorações relativas ao seu centenário”, completa Marcos Veloso.
Diversos artistas, sob a direção musical do mestre Gennaro, como Mestre Camarão, Oswaldinho, Severo, Zé Calixto, Luzinho Calixto, Duda da Passira, Lucy Alves (Clã Brasil), Marcelo de Feira Nova, Gilberto Monteiro, Mahatma, Antonio Spacarotella e Júlio César, além dos sanfoneiros mirins Karoline e Vinícius Nogueira, sobem o palco do Teatro de Santa Isabel nos dias 1 e 2 de dezembro (sábado e domingo, respectivamente), sempre às 20h. A entrada custa R$ 5 (o dinheiro será revertido para os Quilombos do município de Caetés, que sofrem com seca tão cantada por Gonzaga / ingressos disponíveis na bilheteria do teatro). No primeiro dia, será realizada uma homenagem a Zé Dantas (50 anos de falecimento) e abertura com participação da cantora Leda Dias. Já no segundo dia de apresentações, será feita uma homenagem a Zé Marcolino (25 anos de falecimento) e abertura com a cantora Sandra Belê. Ainda no Teatro de Santa Isabel, o público será recepcionado pela Banda de Pífanos Zé do Estado de Caruaru e pelos violeiros Antônio Lisboa e Edmilson Ferreira.
Todos os anos, o encontro homenageia dois sanfoneiros, um especialista em oito e outro em 120 baixos. No entanto, para a edição deste ano, as homenagens serão todas voltadas ao homem que imortalizou a cultura popular nordestina e abriu as portas para muitos artistas. O evento começou a ser realizado no quintal de Marcos Veloso, um verdadeiro apaixonado pela obra de Gonzaga. “Eu andava com o meu pai por aí, vendo toda essa cultura, encantei-me com Luiz Gonzaga desde novinho”, diz o produtor, que mantém no seu restaurante Nosso Quintal, nos Torrões, uma parede dedicada à história do Rei do Baião. “Eu costumo dividir a música popular brasileira em antes e depois de Lua. Isso porque o baião trouxe mudanças e melhorou a criatividade da MPB.”
15 anos ininterruptos – A história da sanfona se confunde com as aventuras e desventuras do Sertão nordestino, com o rebuliço, o “xenhenhêm”, o mexe-mexe, em uma toada caboclamente brasileira. A sanfona elege a nossa terra como pátria não de nascimento, mas de identidade. E é na figura de Gonzagão que ela encontra seu mais ilustre representante. Nascido em Exu, Sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912, serviu ao exército, o que lhe permitiu viajar por vários estados do Brasil. Em 1939, decidiu residir no Rio de Janeiro e tentar a vida como cantor e sanfoneiro, arte que teria aprendido com o seu pai, Januário. Tocou nas ruas e cabarés, até ser aclamado no programa de Ary Barroso, na Rádio Nacional. A partir deste momento, foi reconhecido como o Rei do Baião.
É, portanto, inspirado na personalidade lendária de Seu Lua que, em 1998, Marcos Veloso, figura quixotesca, decide, junto com Paulo Alves, reunir artistas anônimos e ilustres espalhados por todos os rincões do Estado. Realizado sempre em dezembro, mês do nascimento de Luiz Gonzaga, o encontro já homenageou personalidades da música como Joquinha Gonzaga (sobrinho de Gonzaga), Arlindo dos 8 Baixos, Genaro, Mestre Camarão, Terezinha do Acordeom, Chiquinha Gonzaga, Oswaldinho, Dominguinhos, Zé Bicudo, Severo, Lindu (ex-sanfoneiro do Trio Nordestino), Abdias, Félix Porfírio, Zé de Dande, Agostinho do Acordeom, Luizinho Calixto e Heleno dos 8 Baixos.
O Encontro de Sanfoneiros do Recife procura divulgar a música popular regional e a sanfona para várias gerações, reunir músicos de diversos ritmos regionais como, por exemplo, xote, xaxado, baião e forró. O evento promove o intercâmbio entre músicos de diferentes regiões de Pernambuco e de outros estados brasileiros, e divulga a obra de um dos maiores ícones da música brasileira, Luiz Gonzaga. Além dos artistas e homenageados, diversas pessoas contribuíram para a consolidação do evento, que já está fixado no calendário da capital pernambucana. Para contar um pouco mais dessa história, segue abaixo depoimentos de pessoas que fizeram ou fazem parte do Encontro de Sanfoneiros do Recife.
Troféu - O troféu do 15º Encontro de Sanfoneiros do Recife, entregue aos participantes e homenageados em cerimônia solene, realizada posteriormente, será criado pelo reconhecido artista plástico Sávio Araújo.
Serviços:
15º Encontro de Sanfoneiros do Recife
Dia 30 de novembro, a partir das 6h
O evento será realizado durante todo o dia
Entrada gratuita / Aberto ao público
Solicitação: Levar um quilo (1Kg) de alimento não perecível
Local: Nosso Quintal – Espaço Cultural
(Rua Leila Félix Karan, nos Torrões – ao lado da sede da Chesf)
Informações: (81) 3228-6846
Programação do dia 30 de novembro:
6h – Café da manhã “danado de bom”;
Início das apresentações de mais de 100 sanfoneiros;
Barracas de artesanatos locais e comidas típicas, exposição de sanfonas, mostra discográfica do Rei do Baião e também exibição de documentários;
18h – Ato religioso com o padre Reginaldo Veloso e a cantora Irah Caldeira, seguido de uma salva de tiros com os bacamarteiros de Abreu e Lima.
· No decorrer do dia, a iniciativa ainda contará com a apresentação do grupo de xaxado Cabras de Lampião, de Serra Talhada.
15º Encontro de Sanfoneiros do Recife
Dias 1 e 2 de dezembro, às 20h
Apresentação de diversos artistas, sob a direção musical do mestre Gennaro, como Mestre Camarão, Oswaldinho, Severo, Zé Calixto, Luzinho Calixto, Duda da Passira, Lucy Alves (Clã Brasil), Marcelo de Feira Nova, Gilberto Monteiro, Mahatma, Antonio Spacarotella e Júlio César, além dos sanfoneiros mirins Karoline e Vinícius Nogueira
Local: Teatro de Santa Isabel
Entrada: R$ 5 (o dinheiro será revertido para os Quilombos do município de Caetés, que sofrem com seca tão cantada por Gonzaga / ingressos disponíveis na bilheteria do teatro)
Informações: 3355-3322
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