Moda: Corantes naturais, mais uma tendência ecológica

Por Erika Fraga | Fotos Divulgação

Já falamos várias vezes que a indústria da moda busca constantemente inovações tecnológicas, para agradar os consumidores que estão cada vez mais seletivos. Hoje, para uma peça ser considerada perfeita não basta ter apenas uma boa aparência, o seu processo construtivo é primordial no momento da escolha e, por isso, a tese de que a moda vem andando lado a lado com a sustentabilidade se consolida cada vez mais. Em outras edições, abordamos um pouco dessa onda ecofashion com a reutilização de garrafas pet (Tiana Santos), as bolsas ecológicas (David Carvalho), as biojoias (Patrícia Moura) e até mesmo as peças de algodão cru (2 Primas), o que vem a confirmar a ideia de que a sustentabilidade de uma forma ou de outra já se incorporou ao nosso modelo de consumo. Sendo assim, traremos mais uma tendência ecológica, que é o uso dos corantes naturais.

Adélia Collier
O tingimento com corantes naturais é uma técnica usada desde a Era Neolítica. Encontramos na natureza inúmeros pigmentos provenientes de fontes minerais e animais, no entanto, as formas mais utilizadas para a extração desses corantes são aquelas oriundas de plantas e árvores, extraídos de seus ramos, folhas, raízes, flores e cascas. Entre as matérias-primas mais utilizadas estão: açaí, urucum, pau-brasil, romã, borra de café, abacaxi, casca de cebola, camomila, entre outras.

Durante muito tempo, esses corantes ficaram esquecidos, mas devido à preocupação do consumidor com os aditivos sintéticos e a rígida legislação ambiental, eles voltaram a ser excelentes opções para designers e estilistas que buscam desenvolver uma produção sustentável. Um dos grandes nomes nessa área é o da estilista e designer pernambucana Adélia Collier, considerada por muitos uma ecodesigner. Adélia trabalha há quase 30 anos com matérias-primas ecologicamente corretas. “Iniciei minha carreira dentro da indústria têxtil e isso fez com que eu aprendesse como funciona todo o complexo dessa cadeia, que começa na colheita da fibra para se transformar em tecido, para só depois ser tingido, até se transformar no produto que encontramos nas lojas”, revela Adélia.


Em seu ateliê, localizado na Rua Real da Torre, ela desenvolve um trabalho de tingimento com tecidos à base da seda pura, algodão, viscose de bambu e renda renascença. Entre os tecidos preferidos da designer estão os lenços de seda, pois, mesmo sendo um tecido leve, possuem uma ampla versatilidade de uso. “Basta mudar a amarração e eles se transformam em novas peças”, explica. Já entre as principais técnicas de estamparia aplicadas estão: o tingimento simples, o tie-dye, a aquarela e o batik. “Nesta temporada, trabalhei com o meio-tom, harmonizando-se com a tendência de moda atual, que é a transparência, o brilho da seda e os tons terrosos. Para isso, usei a erva-mate, o pó de café e o urucum”, detalha Adélia.

A ecodesigner também desenvolve um lado social trabalhando com ONGs. “Fiz várias oficinas de estamparia e customização, sempre com a compreensão ambiental e voltada para a nossa cultura, pois acho importante, na mudança do comportamento, que você tenha educação e cultura, por isso, tenho essa proposta de trabalhar junto com a comunidade”, pontua. Ainda segundo a estilista, essa consciência ambiental também chegou para as grandes grifes, pois que, hoje, os bons profissionais estão preocupados em não agredir o meio ambiente. E isso pode ser observado em marcas como Osklen, Éden, Santa Constância e Alexander Herchcovitch, que cada vez mais buscam o diferencial aprimorando as técnicas do tingimento natural. “Grife para mim é o conceito do ‘lixo que virou luxo’. E esse ‘luxo’ é ter atitude de transformação, é pegar uma camiseta de algodão, que para você não está valendo nada, e aplicar um tingimento, acrescentar um acessório e pronto, a simples camiseta se transformou em um luxo”, conta.

Além de ministrar cursos e oficinas, Adélia é professora universitária e trabalha na Coopetêxtil (Cooperativa de Ensino dos Profissionais da Indústria Têxtil e de Confecção), uma cooperativa que presta assessoria para implementação de unidades de estamparia e questões ligadas à indústria têxtil. Para saber mais sobre o assunto ou sobre cursos e oficinas, é só entrar em contado com a designer pelos números: 9218-0535 e 9603-8713.

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