Almério, Flaira Ferro e Juliano Holanda estrelam Confluências Sonoras (divulgação)

Paçodo Frevo Credito Anderson Stevens
Primeira edição do Observatório do Frevo de 2022 acontece gratuitamente nesta quarta-feira (30), às 15h, em formato on-line e presencial
O projeto Observatório do Frevo, que debate as riquezas do Frevo e seus patrimônios culturais, inicia suas atividades de 2022 nesta quarta-feira (30), às 15h. Realizada há sete anos pelo Paço do Frevo, o primeiro encontro do ano gira em torno do tema “Tecendo sonhos e memórias: costureiras das culturas populares” e conta com as participações das costureiras Goretti Caminha, que também é pedagoga e filha da carnavalesca Sevy Caminha, e Betânia Borges, mulher transgênero que confecciona figurinos para o período carnavalesco e junino. A mediação é de Mikaella Rodrigues, cientista social e educadora do Paço do Frevo.
A iniciativa, apresentada pelo Itaú Cultural, assume um caráter híbrido: presencial, limitado a 15 pessoas no Centro de Documentação e Memória Maestro Guerra-Peixe, no museu; e virtual, através da plataforma Zoom, ambos com acesso gratuito. Para participar, basta se inscrever pelo formulário digital, disponível no link https://forms.gle/TgvUQhJroGwFuMZ66.
Inserida dentro das atividades do Paço do Frevo neste mês de março, que foca nas contribuições e no protagonismo feminino dentro da Cultura Popular, a conversa do Observatório do Frevo dá destaque à importância das costureiras nas identidades e nos imaginários visuais das manifestações populares. Os adereços e objetos representativos do Frevo possuem uma forte carga simbólica no universo das agremiações carnavalescas, dos grupos de passistas e dos foliões e foliãs. Eles são desenvolvidos a partir dos símbolos que os representam ou a partir de temas que os carnavalescos desejam homenagear.
Ao definir um tema para o Carnaval, os componentes das agremiações idealizam as fantasias, adereços e alegorias, selecionando os materiais necessários para a confecção: tecidos, paetês, lantejoulas e glitters. No processo de criação dos adereços, muitas mulheres desenvolvem representações visuais que impactam nas ruas e palcos, em um processo que evidencia o conjunto de saberes e modos de fazer marcados pela criatividade e transmissão de conhecimentos.
No caso de Goretti Caminha, costureira, pedagoga, psicopedagoga, especialista em Arte Educação, a paixão pelo Carnaval veio do berço. Filha de Severina dos Ramos Caminha, conhecida no mundo carnavalesco como Sevy Caminha, ela vivenciou seu primeiro Carnaval aos oito meses de vida e, desde então, respira o Frevo o ano inteiro.
“Aprendi a costurar com minha mãe. Ela sentava em uma máquina e eu em outra e costuramos para muitas e muitas agremiações. O mundo da fantasia, da costura carnavalesca, é diferente dos outros. É um ofício que precisa ser transmitido para não morrer. E é minha grande paixão. Quando morrer, quero na minha lápide: ‘Aqui jaz uma costureira de Carnaval’ (risos)”, conta Goretti.
Outra referência na criação de fantasias é Betânia Borges, mulher transgênero e costureira que trabalha com a confecção de figurinos para o universo cultural carnavalesco e das quadrilhas juninas do Recife. Neta de costureira, ela também aprendeu em casa o ofício, observando o fazer de sua avó e agregando sua criatividade e identidade nas roupas que confecciona.
“Tudo que faço no meu ateliê eu crio como se fosse para mim, com muito amor e muitos detalhes, até o solado do sapato. Eu penso no cabelo, no brinco, na maquiagem, em tudo. Cada pessoa é um mundo, uma história, então levo isso em consideração quando estou criando. Não consigo fazer repetição de roupas, posso fazer 40 peças, mas cada uma vai ser única. Sempre conto uma história, tem uma pesquisa, um pensamento sobre o figurino”, explica Betânia.
Para Luiz Santos, coordenador de Conteúdo do Paço do Frevo, o encontro reforça o compromisso do Observatório do Frevo de valorizar em toda a sua complexidade o universo do Frevo e das várias manifestações culturais que pulsam em Pernambuco e no Brasil. “Para a nossa alegria, a maior parte das pessoas que participam do Observatório pertence à comunidade do Frevo, são ligadas aos blocos, às orquestras, troças e aos grupos de dança. É um trabalho contínuo de reforçar nossa missão de divulgar as histórias e memórias de quem faz e vive o Frevo o ano inteiro. É um projeto de muito respeito às tradições, convidando para conversar pessoas diferentes dessa comunidade, muitas vezes invisibilizadas”, enfatiza Luiz.
OBSERVATÓRIO DO FREVO - Espaço para debates, interlocuções, estudos e pesquisas sobre o Frevo, sobre o Patrimônio Cultural e temas relacionados, o Observatório do Frevo - ação desenvolvida desde 2014 - segue com a programação em 2022 e agora em formato híbrido, estimulando a construção de diálogos entre os frevistas e os fazedores de outras manifestações culturais, fomentando proposições em torno dos temas ligados aos processos de salvaguarda desses bens, estimulando a troca de experiências e aproximando os fazedores e seus os públicos.
ELAS SÃO FREVO – A intervenção Elas são Frevo!, realizada durante todo o mês de março, destaca a presença feminina no acervo permanente do Paço, com informações sobre a luta, trajetória e protagonismo da mulher no Frevo. O roteiro dá ênfase às biografias e histórias por trás das mulheres que fizeram e fazem a história do Frevo, preenchendo algumas lacunas dentro da própria expografia do museu. Assim, é possível realizar uma visita ao Paço mediada por cada um dos pontos de parada previstos nas intervenções, além de passear pela história do Frevo a partir dos olhares e vivências das mulheres que o fazem.
PAÇO DO FREVO - O Paço do Frevo é reconhecido pelo IPHAN como centro de referência em ações, projetos, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais tradições culturais do Brasil, o Frevo. Patrimônio imaterial pela UNESCO e pelo IPHAN, o Frevo é um convite à celebração da vida, por meio da ativação de memórias, personalidades e linguagens artísticas, que no Paço do Frevo encontram seu lugar máximo de expressão, na manutenção de ações de difusão, pesquisa e formação de profissionais nas áreas da dança e da música, dos adereços e das agremiações do Frevo.
O Paço do Frevo é uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho, com realização da Prefeitura do Recife, por meio da Fundação de Cultura Cidade do Recife e da Secretaria Municipal de Cultura, e gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, em atuação do Governo Federal e do Ministério do Turismo, o projeto conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e patrocínio da RedeCard Itaú e da White Martins, tendo ainda apoio do Grupo Globo, das Pernambucanas e da Chevrolet Serviços Financeiros, e apoio cultural do Itaú Cultural e do Porto de Suape.
SERVIÇO
Observatório do Frevo
Dia 30 de março (quarta), às 15h
Encontro online e presencial no Paço do Frevo
Inscrições: https://forms.gle/TgvUQhJroGwFuMZ66
Paço do Frevo
Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife – Recife
Horários: Terça à sexta, 10h às 17h | Sábado e domingo, 11h às 18h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) - entrada gratuita às terças-feiras
Obrigatório o uso de máscaras e a apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19.
Biografias das participantes:

Goretti Caminha
Goretti Caminha: filha de Severina dos Ramos Caminha (Sevy Caminha) e José Mendes Caminha. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em Arte Educação, aposentada da Secretaria de Educação. Nasceu no bairro de São José, onde juntamente com sua mãe, aprendeu o ofício da costura em especial a criação de fantasias e todos os artigos carnavalescos. Considera a costura de fantasias a sua maior paixão, ofício que foi transmitido de geração para geração! Desfilou no carnaval do Recife pela primeira vez com 8 meses de vida e cresceu no mundo do Carnaval desenvolvendo os trabalhos de costureira, aderecista, figurinista e também assessoria para criação de roupas de fantasias de Carnaval e em geral.
Betânia Borges: neta de Dona Carminha, uma costureira antiga do bairro do Pina. Quando criança fazia que estava dormindo para ver a avó costurar, cortar tecido e aprender até como enfiar a agulha. Aprendeu a costurar observando o trabalho da avó. Acompanha o mundo da dança e com o tempo começou a fazer roupas, visando realizar shows em boates e bares. Betânia Borges também trabalha com confecção de figurinos para o universo cultural carnavalesco e das quadrilhas juninas do Recife.
Betânia Borges | Divulgaçã
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