Escola de Frevo comemora 25 anos com celebração virtual

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Além de vídeos com depoimentos, serão divulgados nas redes sociais da Prefeitura do Recife, ao longo do mês de março, tutoriais de passos de frevo para celebrar e semear a tradição da dança que conta a história do Recife

Impedido de sair às ruas, em função de protocolos sanitários que se fazem urgentes para combater o avanço da pandemia, o frevo vai ganhar as redes sociais da Prefeitura do Recife para celebrar os 25 anos de história que a Escola de Frevo Maestro Fernando Borges completou ontem (6). Mantida pela Secretaria de Cultura e pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife, a escola já formou muitas gerações de passistas, difundindo e perpetuando o frevo como expressão da identidade e da cultura recifenses e revelando alternativas e caminhos profissionais para muitos jovens.

As comemorações começam hoje nos perfis da Prefeitura do Recife no Instagram e no Facebook e seguem por todo o mês de março. Serão divulgados depoimentos de pessoas que fizeram parte da história da escola, entre alunos e professores, que descobriram a dança como meio de vida, embalados pelo ritmo eleito patrimônio cultural imaterial da humanidade. Além disso, serão disponibilizados tutoriais curtinhos de passos tradicionais da extensa biblioteca do frevo, que não para de crescer, nem deixa ninguém ficar parado.

Para quem tem frevo no pé e para quem quer ter, seja do Recife ou de qualquer lugar do mundo, serão publicados 16 vídeos ao longo do mês de março, cada um ensinando um passo da dança que nasceu da mistura da capoeira com a criatividade e a alegria. Depois de postados, os vídeos ficarão salvos nos Reels do Instagram da Prefeitura do Recife, para os aspirantes a passistas treinarem à vontade em casa, com orgulho e com saudade do frevo e do fervo, praticando exercício e a cultura recifense ao mesmo tempo.

Nessa biblioteca virtual de passos, quem performa e ensina a fazer a tesoura, o abre-alas, o saci-pererê, o preparação de bailarina, o ponta de pé e calcanhar, o trocadilho, o pontinha de pé, o alegria no salão, entre outros movimentos que saíram das ruas para entrar na posteridade do frevo, são quatro professores da Escola, todos cria da casa: Junior Viegas, Bhrunno Henryque, José Valdomiro, o Minininho, e Werison Fidelis, mais conhecido como Pinho.

Para eles, celebrar a Escola de Frevo dançando e ensinando a dançar é, ao mesmo tempo, comemorar a trajetória de cada um que já passou por lá e de tantos que ainda vão chegar, para assegurar e amplificar a tradição e a vocação do frevo e da cultura para transformar vidas. “Para mim é orgulho imenso, desse tempo de existência da escola, eu fazer parte há 20 anos. É um orgulho imenso, por perceber que essa escola vai muito além do ensino da dança pela dança, sabe? Que ela pode ser uma transformação de vida. Pelo menos para minha vida foi. Quando eu entrei aqui na escola eu não imaginava que eu iria ser professor, que eu iria viajar”, comemora Minininho, que entrou na escola ainda menino e lá se fez professor e coreógrafo, além de produtor cultural, instrutor de pilates e educador físico com pós graduação em Estudos Contemporâneos em Dança, além de ser pós graduando em Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas.

Iniciei minha trajetória na dança há 20 anos atrás, em 2001, na Escola de Frevo do Recife, onde hoje sou professor. Tenho muita gratidão a esse local que a gente vive. Que defende o frevo diariamente, por ser um berço cultural de fazer vários artistas, que defendem o frevo cada vez mais”, acrescentou Junior Viegas, professor da Escola de Frevo do Recife e do Museu Paço do Frevo, além de diretor do Studio Viégas de Dança.

Ela é entrelaçada com a minha trajetória de vida pessoal e profissional. Através da Escola eu pude conhecer cidades, estados, países, conhecer outras culturas, outras pessoas, fazer intercâmbios”, diz Bhrunno Henryque, que é coreógrafo, quadrilheiro e pesquisador, cursa Licenciatura em Dança (UFPE), além de se dedicar à dança popular, clássica, contemporânea e ao hip-hop.

São 25 anos de resistência, de luta, de existência e de oportunidade. Essa escola, ela tem uma importância muito grande para o mundo inteiro. Esse frevo, que outrora foi renegado, hoje ele dá vida, hoje ele reforma, transforma e possibilita que a gente viva de uma outra forma. Então sou muito grato a todo mundo que aqui passou, a todo mundo que acredita e potencializa cada vez mais essa história”, comemora Pinho, estudante de Educação física, professor, bailarino, coreógrafo e passista com passaporte carimbado em mais de 15 países.

Sobre a escola - A Escola de Frevo foi implantada em 6 de março de 1996, com o objetivo de contribuir para a preservação da cultura pernambucana. Foi pensada inicialmente para atender alunos da Rede Municipal de Ensino. Em 1999, passou a se chamar Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, assumindo a missão de oferecer aulas diárias e gratuitas de frevo para pessoas de todas as idades, fortalecendo uma das mais importantes expressões culturais recifenses e brasileiras.

Com aulas interrompidas pela pandemia, a Escola se prepara para a retomada assim que for possível e seguro. Enquanto isso, a equipe debate a revisão e atualização do projeto político-pedagógico e um diagnóstico sobre a estrutura física está sendo concluído para melhorias nas instalações. A Escola de Frevo fica na Rua Castro Alves, no bairro da Encruzilhada.

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