Reyson Santos, um jovem comediante, atrevido, que sabe brilhar!

Desde muito jovem, Reyson Santos buscou o mundo do teatro, estudando aqui e acolá, foi colhendo frutos, pisando nos palcos da cidade e, apaixonado pela comédia popular, pela sátira, foi trançando o seu caminho. Paralelamente, descobre que o ator tem ser um empreendedor no Nordeste. Vai para a academia, colher suportes e ferramentas enquanto constrói sua carreira. De repente, vestindo uma personagem, descobre novos caminhos, inclusive o canto e a música brega. Conheçam os caminhos de Reyson Santos, aqui e agora.  

Manoel Constantino - Já são 14 anos de estrada. Do começo até o momento atual, como artista, quais foram as maiores lições?

Reyson Santos - Não tenho como falar da formação artística sem falar da minha formação enquanto ser humano. Cresci no teatro e amadureci como pessoa vivenciando o coletivo, a partilha, as dificuldades e as alegrias que o teatro nos dá. O teatro é generoso mas, é preciso que haja dentro da gente a paixão verdadeira e fé. Ao decorrer dos anos percebi o quanto é importante ouvir, absorvendo críticas e experiências. A humildade e a política das boas relações são essenciais, qualidades essas também adquiridas devido a esse processo.

Manoel Constantino - Recife já tem uma tradição no que tange às comédias debochadas, a exemplo da Trupe do Barulho e, muito antes, os espetáculos que tinham como viés o teatro de revista, sempre recheados por quadros cômicos. Tais produções revelaram inúmeros comediantes para a cidade. Na sua carreira, a comédia tem sido constante, presente. A comédia é o caminho mais fácil?

Reyson Santos - Eu sou um grande fã, incentivador e disseminador da comédia popular e tive a satisfação de trabalhar com a Trupe do Barulho e em outras comédias do gênero e digo que é um trabalho fantástico e muito difícil de realizar. Foi nesses trabalhos que tive a obrigação de explorar o meu lado mais audacioso como intérprete, fazer o público identificar-se com a situação exposta no palco e provocá-lo ao ponto de expressarem essa identificação através das interferências, interatividade e, como conseqüência, as risadas e aplausos. É muito difícil fazer rir. Creio que, na medida em que busco essa identificação com o grande público, tento transformar em um caminho prazeroso e "fácil". 

Manoel Constantino - Como surgiu Jurema Fox?

Reyson Santos - A Jurema Fox é uma personagem que transformou a minha carreira, a partir dela eu tive e tenho a liberdade de experimentar diversas emoções que considero importantes em minha vida. Ela surgiu no espetáculo Paloma para Matar em 2009, e a partir do espetáculo comecei a receber convites para eventos, shows e afins.  No começo, confesso, tive medo, mas o pensamento empreendedor que sempre tive falou mais alto, e aí investi na Jurema Fox, primeiramente como “drag” e logo depois tive a ideia de criar um diferencial e gravei um cd com músicas bregas, montei minha banda e hoje a Jurema Fox e banda faz shows no nordeste todo. Estamos, aos poucos, conquistando o Brasil, levantando a bandeira do movimento brega que acontece em Pernambuco. Tenho muito orgulho disso!

Manoel Constantino - Os preconceitos ainda existem, mesmo que velados, com relação aos artistas que fazem Drag. Jurema Fox vem de uma participação no programa Esquenta, com Regina Casé. Jurema Fox quebra preconceitos? 

Jurema Fox
Reyson Santos - Sim, já passei e passo por muitos momentos desagradáveis em relação a esse preconceito, e também por ser um trabalho novo, uma drag cantora, isso causa um breve estranhamento das pessoas até conhecerem o trabalho e saber que é algo sério e consistente. Não criei a personagem de uma hora pra outra, foram muitas pesquisas de comportamento até chegar ao produto final. A minha ida para o programa Esquenta, sob o comando da Regina Casé, considero um grande acontecimento para mim, mais uma porta aberta e creio que a Jurema Fox consegue agregar alguns valores, dentre eles: cantar brega e ser uma drag cantora. O fato de a personagem ser reconhecida a nível nacional como Diva do Brega é fantástico, é uma sensação de dever cumprido e sendo bem realizado. Gosto de lembrar como a Regina Casé apresentou a Jurema Fox no Esquenta para todo Brasil: "pra todo Brasil, botando qualquer tipo de preconceito no chão, a diva do brega: Jurema Fox, isto é Jurema!"

Manoel Constantino - Paralelamente ao trabalho de Jurema Fox, você também vem atuando, por exemplo, em espetáculos como "Paloma para matar", que esteve recentemente em cartaz. Você atua como ator e produtor? Como é esta relação: artista x produtor?

Reyson Santos - Como citei, acho que ator em Pernambuco tem que ter o pensamento empreendedor. Paralelamente a minha carreira artística, fiz graduação em Marketing e logo em seguida fiz Pós-Graduação em Comunicação Empresarial, o que vem me dando suportes e ferramentas para trabalhar a comédia popular visto que esse gênero não tem ainda o apoio governamental devido. Nos espetáculos que participo como ator, utilizo meus conhecimentos apreendidos na minha formação acadêmica colaborando, profissionalmente, com a produção do espetáculo que faço parte e que acredito em seu potencial artístico e comercial.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NESTE SÁBADO O GRUPO JOÃO TEIMOSO COMEMORA 23 ANOS COM O SARAU DAS ARTES

Feira que reúne 80 artesãos no RioMar termina na quarta-feira (24)

Do Choro ao Frevo: Paço do Frevo celebra Dia do Choro neste sábado