Sobre um Paroquiano cai mais uma vez na estrada e leva a dança de Hermilo Borba Filho a mais três cidades do interior pernambucano
Paroquiano. Foto: Camila Sérgio |
O
espetáculo “Sobre um Paroquiano” cai na estrada e realiza a última etapa do seu
projeto de circulação, chegando a mais três cidades do interior pernambucano:
Lajedo (19/11), Pau Ferro (20/11) e Jurema (21/11). Uma realização da Compassos
Cia de Danças, a montagem conta com os bailarinos Patrícia Costa, Gervásio
Braz, Priscilla Figueiroa, Anderson Rafael, Adriana Ayub e Marcela Felipe, além
da presença de Ana Carolina na sonoplastia, interagindo com os elementos da
cena. A direção é de Raimundo Branco e a peça se baseia na obra “Um paroquiano
inevitável”, de Hermilo Borba Filho.
A
circulação, projeto incentivado pelo Funcultura, será encenada em Lajedo, nesta
segunda (19), às 19h, no Clube Municipal da cidade. Na terça (20), a
apresentação será no terreiro da casa de Seu Chico, em Pau Ferro, também às
19h. Na quarta (21), às 19h, será a vez de Jurema. Nos três municípios o elenco
ministrará aulas de dança para a população. Desde o início do ano, “Sobre um
Paroquiano” já passou por Aliança, Lagoa do Carro, Olinda (na Casa da Rabeca),
Iguaraci, Inagazeira, Tuparetama, Calçado, Carnaíba, Cachoeirinha e Petrolina.
A
aproximação da Compassos Cia de Danças com a obra de Hermilo Borba Filho se
consolidou há pouco mais de cinco anos. Foi em 2007 que o espetáculo estreou,
ainda chamado de “Um Paroquiano Inevitável”, ganhou vida, refez passos, agregou
novos artistas e agora renasce em um novo percurso. Uma família, seus compassos
e descompassos diante do absurdo da existência. A poesia agreste e sublime
entranhada na convivência entre Mãe, Pai e os filhos Poeta, Atleta e Noivo. E a
Noiva. E o misterioso Enéas. Em três almoços, um espetáculo nasce, uma vida se
espelha, com seus desatinos e encontros. Corpo e voz no desnudamento de um
cotidiano apinhado de encruzilhadas. Dança, teatro, cinema... artes e afetos
desenhados sobre a mesa, repleta de gostos e cheiros, de vida e de morte.
“Mudamos
o título pelo entendimento de que o espetáculo mostra aquilo que a companhia
entende por Hermilo e sua obra e não uma transposição direta do texto de Borba
Filho para a expressão dançada. Nesta versão, com 50 minutos de duração
divididos em “três almoços”, o espetáculo acontece com o texto mais presente na
boca dos atores-bailarinos e um amadurecimento do elenco”, destaca Raimundo
Branco, que assina a direção e coreografia. Os bailarinos/atores,
dançam/interpretam os conflitos de uma família pequeno-burguesa. As relações
são marcadas por desentendimentos.
A
movimentação é baseada em ações cotidianas e comportamentos habituais dentro de
uma casa, como sentar, deitar, andar, arrumar os ambientes, ir ao banheiro,
estar num quarto, lavar as mãos e varrer a casa, aliados a técnicas de dança
contemporânea e capoeira. Dessas ações aparentemente corriqueiras, varrer a
casa ganha uma dimensão especial, pois, além de ser utilizada como um
determinante para ações coreográficas, ainda interfere nos corpos dos
bailarinos com uma sonoridade que ambienta o espetáculo. A preparação e conscientização técnica do
elenco estão sob a responsabilidade de Carlos Ferreira (voz e movimento), Luiz
Roberto (clássico), Fábio Costa
(capoeira) e Raimundo Branco (Dança).
A
concepção e confecção de figurinos são assinadas por Júlia Fontes e Suzi
Queiroz, que fizeram um resgate das roupas entre as décadas de 30 e 60, do século
passado. A iluminação, concebida por Eron Villar, traz para a cena a proposta
de envelhecer o local, através da sobreposição de cores, como amarelo e verde
e, em determinados momentos, é fundamental o jogo criado entre luz e sombras. A
trilha sonora é composta em sua maioria por composições utilizadas no cinema e
foi selecionada por Raimundo Branco, que também assina a cenografia. Aliás, o
cenário está ligado ativamente à escrita e aos desenhos dançados. Em particular
a mesa ao redor da qual acontece o desenrolar das relações tem papel
fundamental na obra reescrita.
“Além
da influência da dramaturgia Hermiliana, buscamos referências nos quadrinhos de
Neil Gaiman, a partir da “família dos sete perpétuos”, constituída pelos
personagens Desespero, Delírio, Morte, Destino, Sonho, Desejo e Destruição.
Lars Von Trier também foi uma inspiração com os filmes Dogville, e Dançando no
Escuro. O cinema e seus bastidores são uma grande referência na pesquisa da
realização de um “cinema ao vivo”, como chamamos os espetáculos de dança e
teatro criados a partir do estudo da linguagem cinematográfica”, diz Raimundo
Branco.
O
espetáculo foi criado para um palco ou espaço cênico em arena ou semiarena, por
esta razão, todos os ângulos foram coreografados procurando explorar os
possíveis focos de uma câmera de cinema. Com a intenção de oferecer ao
espectador o direito de escolher o que deseja ver/assistir.
Ficha Técnica:
BAILARINOS:
Patrícia Costa,
Gervasio Braz,
Priscilla Figueiroa,
Adriana Ayub
Anderson Rafael,
Marcela Felipe
Bailarina
estagiária e sonoplasta:
Ana Carolina
Iluminador:
Eron Villar
Assistentes
e bailarinos estagiários:
Adriana
Ayub
Anderson
Monteiro
Direção
e produção:
Raimundo Branco
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