Editora Paés lança novela de Geórgia Alves: O Reflexo dos Górgias
Depois de namoro que ultrapassa a marca dos quatro anos, a Editora Paés
e a jornalista Geórgia Alves oficializam "relacionamento sério". Neste sábado
(24), às 17 horas, lançam o primeiro trabalho da escritora, que é, ao mesmo
tempo, a primeira novela do catálogo da editora. O lugar escolhido foi o Audourj'hui
Café, como forma de transportar leitores e leitoras ao cenário da trama. No mesmo
sobrado que abriga também o Dis Donc (Curso de Francês), Rua Irmã Lúcia, 146,
Casa Forte. Como forma de transportar o leitor para ambiente dos protagonistas
da trama.
Há poucos meses a Paés colocou dois livros de conteúdo e projeto gráfico
bem cuidados: Coletânea de Alberto da Cunha Melo, e a poesia de Samarone Lima
(A Praça Azul e Tempo de Vidro), embalagem dupla. "O Reflexo dos
Górgias" chega com projeto gráfico - e capa metálica - do designer Daaniel
Araújo, que caprichou no truque de visualização e sobreposição das imagens.
Daaniel é também artista plástico e com Beatriz Melo mostra pela primeira vez
no Recife, a exposição "Sobre o Vento e o Espelho".
"Foi de forma coletiva que
chegamos à impressão dos 500 exemplares, com a qualidade da gráfica FacForm",
explica Rodrigoo Neves, responsável pela editora que fez contato, com a autora,
pela primeira vez em 2008, por email: "A resposta veio em três breves
linhas. O suficiente para me convencer a aceitar a sugestão feita por
Walter Ramos”, relata o editor, design, produtor cultural, sócio da
editora, conhecido no meio Literário como Rodrigo Sushi.
Geórgia Alves não acreditou que o convite era de verdade. Levou dois
anos para Walter enviar um novo convite para que fosse conhecer a editora,
movido pela crônica "Abril Solar", publicada na coluna assinada por
Geórgia no Interpoética.com, chamada “Dacordafelicidade”.
"Superamos minha descrença e meu silêncio e desde 2010 trabalhamos
num outro projeto, que sairia mais caro. Devo ter feito algo certo para merecer
a insistência e o empurrão do escritor, crítico, doutor e professor de
Literatura, Alexandre Furtado, que sempre foi um grande amigo”, diz Geórgia. Alexandre
faz a apresentação da novela e guia o leitor pelas escolhas feitas. Destacando
a correlação feita com o grego Górgias e a brincadeira que faz com a supressão
das letras.
A visualização da ausência de uma letra, essencial, e vogal, diga-se de
passagem, foi a pena, o fiel da balança para a autora soltar a escrita e amalgamar
a história no verbo. Costurando todos os seus questionamentos, sem receios
quanto ao resultado. Embora houvesse o compromisso com a história e seus
personagens.
"Achei que
deveria fugir de um nome diferente demais, como fiz no conto Sophia, que é dos
meus, o que mais gosto, ou Évora, do roteiro "A Caixa Preta". Tive
que começar admitir trazê-la bem pra perto de mim. Isso ajudou no exercício e
assumir com toda franqueza a minha viagem pelo universo do espelho”, diz
Geórgia. Ela revela ainda que o livro nasceu de um não sonho, uma espécie de torpor
ou transe em que embarcou por um ano e meio, sem ajuda de qualquer substância
narcótica.
Histórico e militância Literária e Cinematográfica
Depois de vinte anos de dedicação ao telejornalismo, Geórgia, que teve
um programa de rádio, na Rádio Clube entre 1997 e 2001, decidiu mergulhar na
Literatura. "Foi quando submergi dos livros de Clarice e do estudo sobre o
Amor e a Felicidade. Uma busca de uma frase que me salvasse. Não pela
Psicanálise, mas pelo exercício da Filosofia". Desde 2006 é autora do
blog: Dacordafelicidade, criado para dar vasão ao material pesquisado para
concluir a especialização sobre "A Felicidade em Clarice Lispector",
feita pela Universidade Federal de Pernambuco, em 2002.
Geórgia também está na Antologia de Cronistas de Pernambuco (2010),
organizada por Antônio Campos e Luiz Monteiro (já falecido). Ali, descreve a
amizade com um vigilante numa noite torrencial, onde a chuva desfaz sua cidade
papelão (Recife Inverno). Para além da Literatura, Geórgia fez dois
filmes ("O Triunfo", e inspirado no primeiro conto de Clarice
e "Grace", inspirado numa personagem homônima da poeta Cida
Pedrosa, do livro "As Filhas de Lilith" (Ed. Calibán, 2009). Onde
está presente um dos elementos pinçados para o contexto da novela: O Café. Vem
defendendo desde 2007, a criação da Casa Museu da autora de "Uma
aprendizagem ou o Livro dos Prazeres".
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