Movimento Pró-criança comemora 19 anos com atrações abertas ao público

O Movimento Pró-Criança vai comemorar seus 19 anos com um evento nesta sexta (27), que contará com a presença da Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. O evento começa às 8h30, na Igreja da Madre de Deus, com uma apresentação aberta ao público da Orquestra do Movimento Pró-Criança, seguida de uma apresentação dos meninos e meninas do Coral Pró-Criança. Depois haverá missa celebrada por D. Fernando Saburido. A partir das 10h, uma série de atrações artísticas no Teatro Maurício de Nassau, do Espaço Cultural Maria Helena Marinho, na Rua Vigário Tenório, no Recife Antigo. A solenidade prestará uma homenagem a Zilda Arns, pelo seu trabalho em defesa dos direitos da criança, ao qual dedicou a sua vida.

No último mês de maio, o Pró-Criança foi homenageado pela ONU e pelo Governo Brasileiro entre as instituições nacionais que mais vêm contribuindo através de seus projetos para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Neste aniversário de 19 anos do Pró-Criança, há muito o que comemorar, principalmente pela história de tantas vidas que mudaram ao longo destas quase duas décadas. Nomes como o do bailarino Wanderson Wanderley, que pode parecer desconhecido para os pernambucanos, mas na verdade o menino é daqui e está fazendo o maior sucesso na Áustria. Desde 2005 ele mora e trabalha, como bailarino, em Viena. Em 2006 foi contratado para integrar o grupo de dança da ópera “Carmen Cubana”. Agora dá aulas de dança por lá e está ensaiando para novas apresentações. São vidas assim que se misturam com a história do Movimento Pró-Criança e desses cinco senhores incansáveis.


Há 19 anos, o Movimento Pró-Criança, coordenado por um quinteto voluntário de senhores aposentados, de cabelos brancos e muita vontade de viver, vem atuando na Região Metropolitana do Recife, sendo considerada uma das principais estruturas do país no desenvolvimento sócio-educativo de crianças, adolescentes e jovens em situação de exclusão social, segundo pesquisa da Kanitz & Associados. Através de atendimento e orientação médica, jurídica, psicológica e educacional e qualificação profissional, somente ao longo de 2010 foram beneficiados mais de 1,4 mil crianças, adolescentes e jovens, além das atividades realizadas com os pais e responsáveis. Em 2011, mais 1,5 mil.

Atualmente, cada criança assistida pelo Pró-Criança, que sobrevive graças às doações de empresas e pessoas físicas, representa um investimento mensal de cerca R$ 150,00, garantindo aulas profissionalizantes e de arte, aulas complementares ao programa escolar trabalhadas de forma lúdica para incentivar um maior rendimento na escola, aulas de cidadania, alimentação e transporte. O valor médio varia de ano a ano.

De acordo com o presidente da instituição, Sebastião Barreto Campello, um voluntário de 83 anos, um dos principais passos que vem com o amadurecimento da maioridade é a realização de novas ações focadas principalmente no pós Pró-Criança. “Estamos em entendimento com financiadores e com o Sebrae, por exemplo, para desenvolver um programa de supervisão de crédito por voluntários para ajudar na abertura do próprio negócio para aqueles alunos que terminam os estudos”, explica. A abertura de vagas no mercado de trabalho através de parcerias também é outra iniciativa.

O fotógrafo Júnior Santos é outro belo exemplo da luta dos cinco senhores que se destacam nesta matéria, ex-aluno da escola de fotografia do MPC, ganhou uma bolsa graças ao seu talento e está estudando na Suíça. Tem a história de Maria Neves, que merece ser contada mil vezes. Pernambucana da terra estudada por Josué de Castro, como tantos, quando criança ela saía muito cedo de casa com a mãe e os irmãos para pegar mariscos na maré, saíam às vezes sem comer, passavam a manhã inteira trabalhando e quando voltavam cozinhavam o que tinham conseguido juntar para vender e garantir o sustento da família. A mãe morreu quando ela tinha 11 anos. O pai biológico nunca a procurou. Maria decidiu que ia mudar de vida e via nos estudos a possibilidade de crescer. Aos 12 anos conheceu o Pró-Criança e terminou indo parar em Nova Iorque, onde fez formação de um ano na escola Alvin Ailley, instituição famosa por ter tido como aluna a pop star Madona, entre outras personalidades. Depois Maria voltou pra cá por escolha própria e hoje é professora de dança e coreógrafa no mesmo lugar onde iniciou sua carreira, no Pró-Criança.

Outras histórias de vidas que mudaram - A arte como instrumento de mudança já desenhou muitas histórias de sucesso no Pró-Criança. Dos que ficaram por aqui, a bailarina Milze Costa faz parte atualmente do grupo de dança que se apresenta com Novinho da Paraíba e Jaciara Alves trabalha como professora de dança e produtora executiva, dando assistência a todos os cursos da escola de dança do Espaço Cultural Maria Helena Marinho. São histórias que só comprovam que a mudança é possível e que o primeiro passo é acreditar nela. O quinteto de cabelos brancos vem acreditando, trabalhando e comemorando junto com todos os jovens que vão desenhando novos futuros.

Desde 2004 que o Pró-Criança vem mantendo contatos com várias entidades austríacas, através da Organização Rosário da Luz. Em 2008, a chance apareceu para a passista pernambucana Bruna Renata, aluna do Espaço Cultural Maria Helena Marinho, que participou de uma série de apresentações em Viena, na Ferien Messe, a maior feira de turismo da Áustria.

Fundado em 27 de julho de 1993, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, o Movimento Pró-Criança atua na Região Metropolitana do Recife e conta com três unidades localizadas nos bairros dos Coelhos, Recife Antigo e Piedade. “Estamos convictos de que, no ambiente dos 19 municípios desta Arquidiocese, existem recursos suficientes para solucionar o grave problema social das crianças “em situação de risco” e “em situação de rua”. O Movimento Pró-Criança é uma tentativa de organizar estes recursos materiais e humanos, oferecendo a todos a oportunidade de fazer o bem, salvando vidas humanas”, enfatiza Sebastião Barreto Campello, presidente da instituição. Para participar das atividades oferecidas pelo MPC, os alunos precisam estar matriculados, em outro turno, numa escola pública regular.

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