Por trás das cortinas: Jorge de Paula

Foto: Divulgação
Por Joás Benedito

Jorge de Paula

Formado em educação artística com habilitação em artes cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco, Jorge José Vicente de Paula Filho se considera ator e cenógrafo diante da vasta cena teatral do Estado. Premiado no ano de 2007 pelo prêmio APACEPE de Teatro e Dança como Melhor Ator de Teatro Adulto com a peça As Criadas, em 2012, decidiu sair da sala de aula que lecionava - desde os 18 anos de idade - para se dedicar à produção cultural, atuando e encenando O Amor de Clotilde, que o fez dar um pontapé inicial para a encenação. A peça foi inspirada na Emparedada da Rua Nova, obra de Carneiro Vilela. Em entrevista, Jorge de Paula fala um pouco dos seus trabalhos e de como eles são desenvolvidos, além do retorno do público e o motivo pelo qual a Trupe Ensaia Aqui e Acolá abusa dos clichês que são impostos pelas novelas e cinemas.




Como são desenvolvidos os seus trabalhos teatrais? A partir de qual temática as encenações são abordadas?
Juntamo-nos com o intuito de fazer uma homenagem à Marco Camarotti. Ele deixou uma série de livros com as correntes principais de sua pesquisa e começamos a ler esses trabalhos na universidade. Quase todos da trupe são formados em Artes Cênicas pela UFPE e foram alunos de Camarotti. Ficamos com esse desejo depois da morte dele. Queríamos fazer algum tipo de homenagem e dar conta do que seriam as suas pesquisas. O nosso primeiro exercício foi um espetáculo para a infância e juventude chamado Rififi no Picadeiro que, se eu não me engano, foi em 2007, inspirado no livro de Camarotti chamado de A Linguagem do Teatro Infantil.

Você tem um trabalho com a Trupe Ensaia Aqui e Acolá. Como é abusar dos clichês das novelas e do cinema e levá-los para o teatro?
Era uma preocupação nossa. Quando surgiu a hipótese de que pudéssemos fazer essas interferências, éramos muito inspirados pelo que a pesquisa de Camarotti aponta, ou seja, o circo-teatro que ele investiga, principalmente os que recorrem ao melodrama e as comédias também. Eles se utilizavam daquilo que estava mais em foco na época para atrair o público. A princípio, queríamos que o espetáculo fosse um melodrama. Mas, com a nossa investigação por meio de estudos do livro de Camarotti e entrevistas com os circenses que fizeram circo-teatro, percebemos que seria mais vantagem deixar a inspiração melodramática só para a construção da nossa dramaturgia e encenação. Todo mundo do grupo queria contar bem uma história. Queríamos que as pessoas saíssem com essa sensação de divertimento. Com isso, conseguimos equilibrar essa coisa da comédia com traços de tragédia.

Como surgiu a ideia de se inspirar na obra A Emparedada da Rua Nova de Carneiro Vilela e transformá-la no Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas?
Tive contato em 2001 com esse romance e houve uma encenação dirigida por Augusta Ferraz, a qual eu participei como ator e fazia o Leandro Dantas dessa montagem. Também lemos todos os melodramas e comédias que Camarotti conseguiu copilar. A sensação que tínhamos era que sempre estava faltando alguma coisa ou que a encenação poderia se transformar em uma outra realidade que não tinha muita ligação com o texto que estava sendo registrado. Isso começou a angustiar todo mundo, porque ninguém tinha se sentido convidado pelas obras. Como eu gostava muito da Emparedada, compramos a briga de ler somente o romance. Foi uma unanimidade por se tratar de uma leitura policial. Cada capítulo do livro vai lhe dando vários instrumentos para que possa construir a trama.

Quais são os retornos do público? Como eles os recepcionam?
Aqui no Recife, conseguimos uma receptividade muito boa. Saímos do Teatro Capiba e fomos fazer alguns festivais. Como o Festival Recife do Teatro Nacional e Janeiro de Grandes Espetáculos. Foi quando uma curadoria de vários lugares do Brasil assistiu ao espetáculo e fez um convite para nos apresentarmos para plateias bem distintas, que eram as do Festival de Brasília, Porto Alegre e as de Caxias do Sul. Obviamente que ficamos com o coração na mão, pois a responsabilidade pesou muito em Brasília. Foi o primeiro impacto, porque não sabíamos o que esperar daquele público específico. Era um público que vê muito teatro, porque eles compram muito a cultura teatral. Estávamos acostumados a fazer espetáculos aqui com aplausos de cena aberta. Eu dizia que nos acostumamos muito mal com isso. Já tínhamos um tempo de encenação que era para os aplausos e ficamos com o coração na mão sem saber se essas palmas viriam. Mas ocorreu tudo bem e eles aplaudiram no momento exato. Depois disso, aliviou a tensão e começamos a nos divertir bem mais.

Além do prêmio APACEPE de Teatro e Dança, em 2007, quais foram as outras premiações e indicações?
Melhor Ator de Teatro Adulto na Mostra Capiba de Teatro pelo espetáculo As Criadas. Indicações ao Prêmio APACEPE de Teatro e Dança 2008, Melhor Ator para Infância e Juventude por Rififi no Picadeiro. Melhor Cenário para Infância e Juventude por Rififi no Picadeiro pelo Prêmio APACEPE de Teatro e Dança, em 2008, além do de Melhor Ator para Infância e Juventude por Rififi no Picadeiro. Fora esses, fui indicado ao Prêmio APACEPE de Teatro e Dança 2011 como Melhor Diretor de Teatro Adulto por O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, Melhor Cenógrafo, Diretor e Ator de Teatro para a Infância e Juventude por No Meio da Noite Escura tem um pé de maravilha e, por fim, recebi o Prêmio APACEPE de Teatro e Dança 2011 como Melhor Ator de Teatro para Infância e Juventude.

Comentários

  1. Assisti a peça "O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas" no Teatro Universitário da UFES, achei maravilhosa, muito rica. Cenário, ocupação de palco, expressão corporal e facial, vestimentas, roteiro.. Tudo muito lindo, muito grande.Sai do teatro encantada. Parabéns!!

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