Meu bairro... Moro aqui

Boa Viagem
Texto Raquel Freitas e Vitor Chaplin                                                                                                  
Fotos Vitor Chaplin      

Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem
                                                                                                     
Como dissemos na publicação do Meu bairro... Moro aqui do mês de novembro, o bairro de Boa Viagem não coube em uma só edição da Agenda Cultural. Por isso, foi necessário dividirmos a editoria em duas etapas. Com isso, possibilitamos ao leitor uma melhor compreensão geográfica do nosso itinerário. Desta vez, assim como na edição passada, Boa Viagem fluiu naturalmente. Óbvio que se fez necessário visitar os pontos que ficaram de fora do texto anterior, não simplesmente para completar o que não foi dito, mas sim com o intuito de não deixar de fora um detalhe sequer desse bairro tão extenso e motivador.

No nosso último encontro, Boa Viagem estava quente. Agora já é possível ver o anoitecer. Desta vez o visitamos quando as pessoas retornavam de seus trabalhos para casa, quando o calçadão já não dava mais espaço ao castelo de Fabiano estendido na praia, como da última vez, e sim para os moradores que reservam este horário para caminhar, praticar atividades físicas e “jogar conversa fora” com os amigos. É nesse cenário, entre o despedir do Sol e a chegada da Lua, que a Avenida Boa Viagem ganha o contorno do engarrafamento. Foi no trânsito das pessoas e dos carros que passeamos pelas ruas em busca do que a noite pode proporcionar.  

Desta vez, quem nos apresenta aos ares badalados de Boa Viagem é o ator e comediante Dirceu Siqueira. Morador do bairro há treze anos, com infância vivida na Imbiribeira, ele vem atuando no stand up desde 2007 e atualmente se dedica a apresentações com o seu grupo pela cidade. A nossa chegada ao bairro de Boa Viagem não se deu de outra maneira. Pela Avenida Domingos Ferreira (sentido Pina), seguimos em direção ao Parque que vem dando cada vez mais visibilidade cultural ao lugar, o Parque Dona Lindu, localizado em frente à Avenida Boa Viagem, tendo a possibilidade de sair pela Rua Setúbal e assim encontrar a Avenida Visconde de Jequitinhonha.

Ele recebe este nome em homenagem à mãe do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Basta chegar ao empreendimento cultural para logo notarmos a assinatura do arquiteto Oscar Niemayer, por conta das curvas e da área verde. O espaço se tornou o point da garotada e dos pais que os acompanham nessa divertida empreitada. “Eu tenho duas filhas, a mais nova morava aqui perto, com certeza pra ela isso aqui ficará marcado”, afirma o nosso guia. O ator ainda faz uma contraposição em relação ao tempo em que ele se aventurava por Boa Viagem: “Lembro que na minha época a gente gostava de surfar. Hoje em dia, já não se pode fazer mais isso, pois é proibido. É a lembrança mais forte que tenho da época de escola”, garante. 

Para Dirceu, o espaço mais claro da sua infância foram as quadras poliesportivas. “Eu não convivi em espaços como este, em quadras de bairro, e sim em quadras de escolas. Na minha época, não tinha espaço como esses”, relembra Dirceu, fazendo referência aos espaços que a garotada pode encontrar no Parque Dona Lindu. Além da área verde e dos brinquedos, ainda é possível encontrarmos no Parque o moderno Teatro Luiz Mendonça, com capacidade para 540 espectadores, como também dois espaços voltados para exposições, sendo um no térreo e outro no mezanino, ambos recebem o nome da arquiteta e designer Janete Costa.

Depois do Parque Dona Lindu, vamos em direção à Praça de Boa Viagem, onde será possível conhecer a feira de artesanato e a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, conhecida com “Igreja da Pracinha”. Caminhando na calçada, sentido Pina, Dirceu vai tentando lembrar histórias que foram de alguma forma circunscritas dentro do bairro. No meio do caminho, encontramos prédios residenciais, que a essas horas da noite não deixam frestas na areia, pessoas caminhando ou até mesmo conversando entre uma paradinha e outra. Foi nesse instante que avistamos um exuberante hotel: o Atlante Plaza. O nosso olhar se voltou muito mais para a luz neon instalada no elevador panorâmico que para a própria exuberância estrutural do prédio.

Depois de uma “boa” caminhada, aproximadamente entre quinze e vinte minutos e um quilômetro depois, chegamos à Praça de Boa Viagem. Podemos enxergar os primeiros indícios da formação da Praça. Entrando na Rua Barão de Souza Leão, na esquina se ergue o antigo Hotel de Boa Viagem, demolido em 2007 para construção de edifícios residenciais e que originalmente foi construído em 1954 com a finalidade de abrigar no Recife a primeira rede hoteleira de classe internacional com uma estrutura de 100 apartamentos com vistas para o mar. Na parte central o espaço é ocupado por feirantes, turistas e também pelos fiéis, concentrados dentro da secular Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem (1707).  É justamente nesse ambiente movimentado que a pracinha dá lugar aos encontros, depois de um dia inteiro de trabalho, e por que não a uma parada de ônibus, situada quase em frente à igreja.

Após sentir o clima da praça, chegou a hora de voltarmos. Dessa vez pelo calçadão com vista direta para o mar. A caminhada da volta, vale ressaltar, teve a mesma extensão e duração da ida. É importante salientar que nenhum atalho foi desenhado durante a “quase” exploração territorial. A volta já tinha endereço marcado: os bares, as boates e os restaurantes. O primeiro local a ser visitado foi o Entre Amigos Restaurante & Bar, localizado na Rua Marques Valença. Para o comediante, esse bar é apenas o aquecimento da noite. Um outro exemplo de “aquecimento” para a balada é o Caldíssimo Grill­ Bar & Restaurante, localizado na Avenida Jequitinhonha, tendo acesso também pela Avenida Fernando Barbosa ou pela Rua Carlos Pereira Falcão. “Sou amigo do sobrinho do dono [Reginaldo]. Foi daqui que saíram algumas peças, e também vínhamos pra cá depois dos espetáculos para comemorar. Aqui tem boas histórias”, relembra.

Agora vamos seguir para os dois lugares, os quais Dirceu considera adequados para a famosa balada. Em ordem de apresentação, o primeiro, uma visita à UK Pub, situada na Rua Francisco da Cunha com acesso pela Domingos Ferreira entrando na Rua Antônio Falcão – sentido Piedade – ou pela Conselheiro Aguiar na entrada pela Rua Maria Carolina. Diferentemente de algumas casas noturnas, que geralmente só tocam música eletrônica, a UK Pub tem o som eclético, sendo cada dia reservado a um estilo musical. Outra casa noturna atrelada muitas vezes ao bairro é o Restaurante Manhattan Café Theatro. Funcionando há cinco anos, o espaço tem a proposta de reunir em um mesmo ambiente música e gastronomia, com capacidade para 250 pessoas. Uma das principais atrações da casa é o espetáculo Garçons cantadores. Com boa aceitação, o grupo apresenta uma espécie de musical com interpretações de trilhas sonoras de filmes, musicais da Broadway e, claro, o que não poderia ficar de fora: a música brasileira. O acesso ao Manhattan pode ser feito pela Domingos Ferreira com acesso pela Rua Tenente João Cícero ou pela Conselheiro Aguiar com entrada pela Rua Professor José Brandão.  

E é nesse clima da vida noturna do bairro, que Boa Viagem se despede. Dessa vez um até logo não faz mais parte desta viagem. Nós permanecemos no trem, ou melhor, no carro, para que você, leitor, desça e vá reconhecer as cenas citadas nessas duas edições do Meu bairro... Moro aqui, publicadas respectivamente nos meses de novembro e dezembro. Existe a garantia de que, a partir de agora, Boa Viagem não será olhada como um todo, mas sim como parte integrada e fundamental para o desenvolvimento da cidade, principalmente no que diz respeito ao quesito turístico. Agora, os detalhes de Boa Viagem ganham vida e forma a partir do seu olhar.

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