Cinval Cadena

Texto: Erika Fraga | Foto: Divulgação

Durante esses últimos anos, a editoria de música publicou Notívagos (desde novembro de 2008), uma série de entrevistas com intérpretes que atuavam nas noites recifenses. Talentos foram revelados e o material veiculado provocou um grupo de estudantes universitários de jornalismo que realizou o seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), focando nossos cantores. O fruto do trabalho da nossa equipe resultou na indicação de Melhor Editoria de Música, no ano passado, no TROFÉU ACINPE 2010 OS MELHORES DA MÚSICA DE PERNAMBUCO. Agora, com Som da Terra, pretendemos ampliar o nosso leque, abrindo espaços para músicos e compositores que já atuam no mercado, divulgando seus trabalhos e suas perspectivas tanto no que diz respeito às suas carreiras quanto às suas relações com o mercado.



Natural de Arcoverde, ele é visto pela crítica musical como uma das criaturas mais “outsiders da atual Mangueceia Tresloucada”. O seu contato com a música começou na década de 1990, quando abriu o Guitarras Blues Bar, localizado no Pina. O espaço que logo virou o point da galera manguebeat chegou a ser frequentado por grandes nomes da música como o Chico Science. Foi no Guitarras Blues Bar que surgiu a parceria com Ortinho, criando o Querosene Jacaré, banda na qual atuou como percussionista. Hoje aos 54 anos, seguindo com trabalho solo, ele acaba de lançar o seu 23º CD “Lucicreide meu Pobrema”.

Talvez muitos de vocês estejam se perguntando: quem é essa figura de sonoridade ímpar e o que o faz ser considerado tão eclético no cenário musical? Estamos falando de Cinval (Coco Grude) Cadena, um artista prolífico que consegue fazer um som passeando pelo coco, baião, frevo, maracatu, mangue, sem se esquecer de ritmos como jazz, soul music, techno lounge, entre outros estilos que surgem em meio à inquietude musical.

Entre suas influências musicais, Cinval destaca nomes como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Hermeto Pascoal, James Brown entre tantos outros que fizeram e fazem parte do repertório popular. O seu primeiro disco solo, lançado em 1998, traz o título Falando Nas Ruas, e iniciou uma marca registrada em sua carreira, que foi a produção independente realizada em um estúdio improvisado no seu próprio quarto com uso de gravador caseiro, porém de excelente qualidade. “Atualmente comecei a fazer muitas músicas com o auxílio do computador e de sampler, coisa que antes eu não fazia e só foi acontecer a partir do 20º CD Música Para Embalar Burguês (2008)”, salienta o músico.

Ao longo da sua trajetória, Cinval fez parceria com vários músicos. Um dos álbuns que representam muito bem essas parcerias é o Pigdigigarêlépó Miscigenação, lançado em 2008. Desse CD, participaram nomes como o poeta Domingos Alexandre, o rabequeiro Sibá, Silvério Pessoa, Ciano Alves (do Quinteto Violado), Zé Brown (do Faces do Subúrbio), o saxofonista Alex Corezzi, o baixista Dengue (da Nação Zumbi), entre outros. Atualmente, o músico vem trabalhando para a viabilização da divulgação do CD Primitivo Digital. Feito em parceria com Ciano Alves, o disco é ritmado ao som do Toré, “Esse álbum é diferente de quase tudo o que eu fiz. É uma tentativa de fazer uma música indígena eletrônica. Elaborei toda a parte eletrônica e o Ciano fez as flautas”, afirma o músico e deixa claro que esse CD não é um trabalho de pesquisa indígena, mas sim a concepção de dois músicos. Paralelamente a esse disco, o artista vem trabalhando em cima de mais um álbum solo, que se chamará DNA. Também inspirado nos índios, tem previsão para ser lançado no início do próximo ano.

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