Axtor o Ilusionista



Por: Joás Benedito
Foto: Joás Benedito

Apaixonado pela mágica e pela ciência desde 1939, sua fixação começa ainda no colégio aos oito anos de idade, quando viu pela primeira vez uma apresentação que, mais tarde, mudaria a sua vida. “A escola me proporcionou muitas coisas boas, entre elas, de um dia me tornar mágico”, relata Astor Antonio, conhecido como Axtor, ao se recordar do tempo em que copiava todos os truques que aprendia nas revistas de mágica e passava para o caderno da escola. Sem que sua mãe desconfiasse, o menino, que mais tarde também se tornaria engenheiro, trocava a literatura e os cálculos pelos truques de ilusionismo. O ilusionista diz ainda que naquele tempo essas atividades já sofriam bastante preconceito, porque havia uma separação entre a mágica e o ilusionismo, apesar das duas terem os mesmos significados. “A magia sempre foi comparada com algo relacionado à bruxaria, algo que transmitia coisas ruins”, afirma.
Mas nada disso interferiu na vontade que tinha de montar um lugar onde todos os integrantes pudessem dar opiniões e trocar experiências voltadas à mágica, pois, não bastava só aprender em livros e revistas que, segundo ele, ensinavam algo vago e sem estímulo.
E foi assim que, em 1965, nasceu o Clube da Mágica do Recife com o intuito de fazer apresentações de caráter beneficente e independente. Os integrantes, junto com Astor, sua esposa e as três filhas, na época assistentes de palco, apresentaram-se em vários clubes, teatros e circos. Para eles, era gratificante o reconhecimento vindo em forma de aplausos e sorrisos. O Clube serviu de referência para muitos que enxergavam a mágica como uma arte e não como um meio de vida que a nova geração pregava, visando apenas o lucro.
O mágico relembra uma das maiores realizações do clube que foi a de ensinar um deficiente visual a fazer mágica. “Eu ficava do lado descrevendo o que estava acontecendo, pegando nas mãos dele”, comenta e reforça que foi um trabalho bonito e que conseguiu presenciar a vitória do aluno indo ao palco se apresentar.
O trabalho como mágico e a dedicação a essa arte ainda continuam. Apesar de se considerar um mágico de bastidores, Astor fala que o clube não acabou e as atividades que antes eram voltadas só para a mágica e a troca de ideias, hoje são desenvolvidas em um espaço ao lado da casa onde mora, no Bairro Novo, em Olinda. O Espaço, conhecido como ACTOS, baseado no livro de Atos dos apóstolos, disponibiliza vários cursos como: ioga, balé, dança de salão e o próprio curso de mágica, ministrado por ele.
Essas são as lembranças que, aos poucos, vão surgindo de uma memória cansada pelo tempo. Astor, com uma grande serenidade e um livro nas mãos que ganhou de presente de um amigo chamado Edward Bullet, cita a seguinte frase: “... Somos os personagens vaiados e aplaudidos nesse mundo que é um grande circo de arquibancadas invisíveis”.



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