Palhaço Cavaco

Foto: Giulia Cooper


Por: Joás Benedito

Ao falar a palavra circo, automaticamente surge na lembrança a imagem do palhaço. Sujeito cativante para uns, esse enigmático personagem traz consigo a difícil missão de resgatar e colher sorrisos que por vezes apagam e escanteiam os problemas da vida.
Em 2004, influenciado por um amigo que fazia escola de circo social em São Paulo, o malabarista, monociclista e músico multi-instrumentista, natural de São Bernardo do Campo (SP), Anderson Machado se destaca no papel do palhaço que, segundo ele, é um personagem versátil e que pode brincar de ser tudo e todos. “O palhaço transforma tudo em virtuosismo, habilidades que parecem difíceis, em coisas mais simples”, afirma.
E foi fazendo espetáculos na base do chapéu, prática que os artistas de rua têm para arrecadar dinheiro, em pontos turísticos do litoral paulista e em Paraty no Rio de Janeiro, que ele o palhaço Cavaco junto com mais três amigos conseguiram vir para o Recife. Aqui, conheceram uma amiga que perguntou se eles queriam fazer uma turnê pelo sertão. A ideia despertou o desejo de apostar no “circo social”, ou seja, circular pelas cidades do interior de Pernambuco e levar não só o circo, mas também suas experiências artísticas a lugares carentes também na parte cultural.
De março de 2010 até fevereiro de 2011 o artista se apresentou todos os finais de semana nos parques e praças do Recife e de João Pessoa. Nesse período em que fez esse trabalho, conseguiu montar o espetáculo Circo de Pulga Marinha, inspirado em um filme de Charlie Chaplin em que o ator interage com uma pulga. “A necessidade veio da falta de um companheiro para interagir já que os meus amigos tinham voltado para São Paulo”, relata o artista em relação aos amigos que não conseguiram seguir adiante com o projeto.
Hoje, junto com a namorada Giulia Cooper, que também é artista circense e produtora, formaram o grupo Caravana Tapioca e montaram o espetáculo Circo Tapioca em que os diretores são o próprio público que circula nos parques e praças da cidade. Segundo ele, o retorno é válido e o dinheiro que é arrecadado dá para viver, pois além de trabalhar com espetáculos nas ruas o artista também realiza atividades nos hospitais com os Doutores da Alegria.
Anderson reafirma sua vontade de permanecer aqui, para expandir a formação circense no Estado.“É difícil explicar os porquês de os circos estarem vazios, já que muitas pessoas veem, se encantam e contribuem”, constata o artista.
O palhaço Cavaco é um grande exemplo de que as ruas, por mais pacatas ou conturbadas que sejam, podem, sim, se transformar em picadeiros de grandes espetáculos e experiências de vida. “Escolhi a rua para tentar fazer essa formação de plateia... O rico, o pobre, os moradores de rua, todos dando risadas juntos é algo bastante gratificante, eu volto para casa em estado de graça...”, ressalta.



























 

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