Moda Eco está na moda

Por Raquel Freitas


De uns tempos pra cá nenhum assunto participou tão ativamente das conversas entre as pessoas quanto a consciência ambiental. Apesar de toda a visibilidade que dão à temática, temos que entendê-la além do discurso poético a que estamos acostumados a escutar. É partindo dessa iniciativa que a marca 2 Primas entra no mercado lançando sua primeira coleção – Maria Bonita adotando o conceito de que moda Eco está em alta.
No início era tudo muito prematuro. Sem saber no que investir as primas Mayara Pimentel (31) e Patrícia Pimentel (34) pensaram em várias possibilidades, mas foi na moda consciente que elas decidiram investir e se entregar profissionalmente.
Essa entrega começou a se concretizar quando Patrícia retornou do exterior e encontrou Mayara, que tinha acabado chegar de São Paulo. Foi a partir desse reencontro familiar que as ideias começaram a se enraizar no universo das jovens empreendedoras. A ideia se firmou quando elas viram uma reportagem no jornal sobre o Instituto Ecotece – Vestir Consciente. “Fomos pra São Paulo e contratamos uma pessoa para fazer o branding. Desde o início nos preocupamos em montar primeiro a estrutura da empresa antes de lançá-la”, afirma Mayara. A distância entre a concretização do negócio e o lançamento da primeira coleção é de um ano e oito meses, durante esse tempo elas fizeram cursos no Sebrae e pesquisaram sobre fornecedores – que ainda são muito escassos no Estado, pelo fato de o mercado ainda ser bastante restrito.  “Sempre nos defrontamos com a problemática dos tecido, dos fornecedores... E apesar dos esforços,ainda não conseguimos fazer cem por cento do que era pra ser feito, a alternativa foi buscar indústrias que adotem um processo consciente de produção”, explica. Patrícia ainda fala que nada é cem por cento sustentável. “Você acaba descobrindo que é impossível fazer tudo cem por cento ecológico”, ressalta. As especializações foram fundamentais para o amadurecimento da marca e principalmente para a escolha do público. “Mayara morou na Paraíba e conheceu aquele algodão naturalmente colorido, tinha muito, aquilo era o popular... E a gente queria tirar essa visão das pessoas, a gente queria sair do popular”, afirma Patrícia.


Para as fundadoras da 2 Primas ser ecológico não é usar apenas materiais com essa finalidade, é pensar numa gestão de processos, pensar na mão de obra, nas pessoas, na forma de tingir uma roupa, justificando assim o preço das peças.
Estudante de moda da Faculdade Boa Viagem (FBV), Patrícia fez uma pesquisa antes de elaborar a coleção, deixando a parte comercial com Mayara que é formada em Administração. De acordo com Patrícia, o mercado de moda está cada vez mais concorrido. E para que a empresa e a coleção tivessem um diferencial foi preciso trabalhar algo que ninguém tivesse feito na cidade. “No Recife, somos pioneiras, lá fora essa questão é mais comum do que aqui”, afirma Mayara. “Queríamos fazer algo que tivesse um diferencial, a concorrência é muito grande, foi preciso inovar para ganharmos espaço”, afirma a estudante de moda.
Ser pioneira em qualquer processo já é importante para quem cria e se dedica a um ofício. E pioneirismo na moda é deixar registrado muito mais do que uma tendência, é criar um divisor: a moda antes e depois dos modelos ecológicos. É fazer com que as pessoas pensem que se vestir vai além do status e do poder. Vestir-se também é uma forma de preservar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Exposição na Galeria Massangana conta a atuação do Ministério Público contra o racismo em diálogo com obras de jovens artistas

“Chupingole! As aventuras de um mangueboy’, uma comédia em cartaz no Teatro André Filho

CAIXA Cultural Recife apresenta mulheres de repente